"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 9 de agosto de 2014

Um pouco sobre a Esquizofrenia



Eu comecei a tomar um remédio novo. Eu comecei a ir em uma médica nova. Eu comecei a diminuir um remédio velho. E tudo começou a desandar. O remédio novo é para Esquizofrenia e Bipolaridade (novidaaaade), mais um antipsicótico. A Esquizofrenia... Decidi falar um pouco mais sobre a Esquizofrenia dessa vez. Eu não ando mais interessada em diagnósticos então não sei como minha nova médica me diagnosticou, mas eu já fui diagnosticada duas vezes como esquizofrênica na clínica onde eu costumo ser internada. Eu sempre sou diagnosticada como Borderline, depois como Border e Esquizo e por último como Bipolar ou Depressiva (o que está obviamente errado). Bom, eu lembrei dessa coisa da Esquizofrenia porque estava escutando aquela música da banda Nickelback, Never gonna be alone, que foi a música tema do casal daquela novela em que o cara tinha esquizofrenia, lembram? E a mãe não aceitava a doença dele e não deixava que ele se tratasse. Eu não acompanhava a novela, mas eu cheguei a assisti algumas cenas. Foi uma boa atuação, nem todos os esquizofrênicos são daquela forma, mas foi uma boa atuação de um esquizo em crise.

Na clínica, eu lembro, tinha os esquizos doidões, os que os remédios ainda não tinham começado a fazer efeito... Eles eram, como posso dizer? Livres. Eles viviam em seus universos, eles faziam o que queriam em total liberdade e conforto, ou desespero. Às vezes era tão bonito de se ver. E, bem, tinha os esquizo robozinhos. Que eram nós. Os que em um primeiro momento pareciam completamente normal, totalmente controlados pelos remédios fortíssimos, domados, amarrados, adestrados. Dizíamos por favor e obrigado e obedecíamos as enfermeiras como crianças ansiosas por aceitação e carinho. Nós nos importávamos com o mundo a nossa volta, eles tinham nos ensinado a força a nos importar, tínhamos sido dobrados. Era esse o objetivo da clínica, "recuperar" o doente mandá-lo de volta à sociedade. Logo seríamos "normais" o suficiente, pelo menos por fora, para irmos embora.

De qualquer jeito, voltando à novela, lembro que naquela época eu ainda não me cortava, nem tinha diagnóstico de nada e meu sofrimento ainda era um segredo. E minha mãe era contra o casal esquizofrênico e sua namorada. Ela costumava dizer "magina! Um doente assim tem que ficar sozinho, só vai dar trabalho para ela!". Que ironia. Anos depois a esquizo problemática é sua filha. Mãe, eu mereço ficar sozinha? Mamis... Eu vou provar pra você que eu não sou um peso inútil e que eu posso fazer minha namorada feliz. Mesmo tento tantos problemas. Porque sabe... As vozes vem e vão, minha visão distorce e volta ao normal, as alucinações aparecem e desaparecem, mas ela sempre está lá para mim. Mesmo em meus delírios, lá está ela. Mesmo em minhas explosões, mesmo quando a machuco sem querer... Lá está ela. E ela me ama. E eu a amo. Eu me sinto um lixo por ser quem sou, por dar tanto trabalho e dor para as pessoas a minha volta, mas eu... não vou ficar sozinha, sabe por que? Porque ela me prometeu que estaria ao meu lado. E eu vou estar ao dela. Eu vou fazê-la sorrir todos os dias e assim, eu vou ser útil, não vou?

Sabe, eu já conheci muitos esquizofrênicos durante minhas 5 internações nesses últimos dois anos e meio, e tem gente que fala que eles não são afetivos... Mentira. Os esquizos amam e muito. Os esquizos são só pessoas... Exatamente como você, só um pouquinho diferentes.

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