"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 10 de agosto de 2014

Eu nasci para viver livre ou morrer jovem



Não destrua o amor. Não, não faça isso. Meu monstro se mexe inquieto dentro de mim e sussurra em meus ouvidos que eu devo me cortar. Só um pouquinho, só mais um pouquinho... Já faz tanto tempo. Ele, eu, não, ele, quer sentir o cheiro do sangue escorrendo pelos meus braços mais uma vez. Tão... Tranquilizante, tão energizante. Fecho meus olhos e a única coisa que eu vejo é meus braços cobertos de sangue. Quero chorar, quero sair correndo, quero gritar. Amor, o que eu faço? Passo minhas unhas sobre minhas cicatrizes, elas coçam como se gritassem para serem abertas novamente. Meu deus, meu deus... Passo pelas farmácias em guerra comigo mesma, quase me contorcendo. Eu preciso de uma gilete, eu preciso, eu preciso. Não, não e não! Sim, por favor, por favor. Se corte, se corte, se corte, meu mostro canta em minha mente. Minha cabeça dói e eu tento me lembrar de todas as coisas ruins que vão me acontecer se eu me cortar. Mundo, sociedade, amor, doutoras, mamãe... não me internem de novo, por favor, por favor, eu não vou aguentar mais uma internação. Eu sei, eu sei que eu fico muito descontrolada, eu sei que eu sou um perigo para mim mesma e que para meu próprio bem eu preciso ficar trancada em um lugar controlado e vigiado durante um tempo as vezes... Mas... mas... Sabe, é tão triste. Aquilo acaba comigo. Eu nasci para viver livre ou para morrer jovem. E cada vez mais eu me convenço que meu caso está mais para a segunda opção.

Eu só queria poder fugir... Pegar o amor da minha vida pela mão e sair correndo para bem longe. Viver de luz e água fresca. Eu ficaria feliz. Por que as coisas não são simples e fáceis como deveriam ser? Por que tudo é tão difícil? Eu estou assustada e triste. Sinto que estou caindo... Eu sabia que isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Isso sempre volta acontecer. Um período bom sempre é seguido de um período ruim. Eu só não estava preparada para ele, eu nunca estou. Eu sempre esqueço o quão foda é viver com essa doença fora de controle. Eu sinto como se não fosse mais eu, ou será que só agora eu estou sendo eu mesma? Eu não faço ideia. Minha personalidade doentia me confunde e a existência do meu monstro me confunde mais ainda. Tudo o que eu sei é que eu estava indo bem e agora eu penso em me cortar como um viciado pensa em sua heroína. Não sei o que vai acontecer comigo, estou com medo. Voltei a pensar em me matar. Acho que seria melhor para todos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Acalme se, como das outras vezes, esse momento difícil também vai passar!! Acredite!!

Anônimo disse...
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Munique Lima disse...

Cara
como você é forte... pena que você não consegue se enxergar assim. Força... torcendo pra vc superar mais essa.