"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

terça-feira, 2 de julho de 2013

Lembranças



Há coisas que eu não quero ser lembrada, já basta a tortura que minha mente me submete diariamente, não preciso de lembretes a mais. Feridas devem ser mexidas para cicatrizarem melhor, mas dói. Dói e eu reclamo como uma criança teimosa, não quero. Não quero. Estou com medo, desesperada. Me sinto acuada em um canto com todas essas perguntas e sugestões do que eu devo fazer. Há ainda muito da minha história para ser contada, mas eu não sei ao certo se eu a quero ver esclarecida. O que é pior? A dúvida de algo terrível ou a certeza do mesmo? Há uma barreira em minha mente que me impede de lembrar de muitas coisas, mas imagino que exista um bom motivo para essa barreira existir. Talvez eu ainda não esteja pronta para limpar essas feridas tão profundas e no entanto, não aguento mais sangrar. Não sei o que fazer. Gostaria de simplesmente esquecer, a medida que o tempo passa, naturalmente. Mas isso não me sai da cabeça. Fico repassando essas fotografias assustadoras em minha mente insistentemente, e para que? É como se eu estivesse socando a parede que me barra as lembranças, desejando de toda a alma simplesmente sair correndo para o mais longe possível.

Minha psicóloga disse que eu estou pronta, eu tenho minhas dúvidas. E mesmo se eu achasse que estou pronta e quisesse derrubar essa barreira, eu ainda assim não saberia como fazer isso. Já tentei, já soquei tantas vezes essa parede no desespero que essa dúvida me trás. Nesses momentos imagino que a certeza seja melhor do que a dúvida, afinal como eu posso esquecer ou superar algo que eu nem sei direito como aconteceu e se aconteceu do jeito que eu imagino ter acontecido. É tudo inconcreto de mais. Essa bagunça de lembranças despedaçadas e incompletas, martelando minha mente teimosamente. Minha única certeza é que existe algo de muito errado na dinâmica que foi minha vida inteira. Eu só não consiga enxergar muito claramente onde estão os erros, e talvez a verdade seja que eu nem quero enxergar. Mas eu sei que preciso, preciso encontrar todos os pedacinhos de lembranças fragmentadas, juntá-las todas e contar para mim mesma minha história. Esclarecer os fatos. Só assim conseguirei seguir em frente.

Falando até parece fácil.

Um comentário:

Nathalia Musa disse...

Vamos ao clichê: só sabe da dor quem a sente.
Tenho certeza que quando você estiver pronta vais perceber. E já passaste por tanta coisa, tá na hora de viver :)

bjos!

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