"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sexta-feira, 12 de julho de 2013



Eu não costumo acreditar em muitas coisas. Não costumo acreditar que um dia eu consiga melhorar mais do que como estou agora. Não acredito que minha doença tenha cura, não acredito que minha vida tenha um sentido ou propósito, ou que um dia eu consiga fazer algo grande ou útil com ela. Não acredito em milagres, ajuda divina ou o que quer que seja. Talvez um pouco na sorte. Não acredito que alguém possa me salvar ou que eu mesma o possa fazer. Não acredito em vida após a morte, segundas chances e reincarnações. Se acredito em deus? Nem sei quem é deus, como posso acreditar ou desacreditar? Não sou uma pessoa cheia de esperanças ou fé, por assim dizer. Por que eu sigo em frente então? Não faço a mínima ideia. Não sei para onde estou indo, não sei porque estou indo e se um dia eu chegar lá, provavelmente nem vou chegar a reconhecer que o fiz. Nada faz sentido. Não consigo acreditar em mim mesma e muito menos nas outras pessoas. Existe um muro que divide tudo o que eu sou da realidade e o mundo lá fora. Não consigo avançar, não consigo me sentir parte de algo, não consigo.

Minha falta de fé e positividade são como uma sentença na minha vida. Para se vencer é preciso acreditar na vitória, para, assim, lutar por ela. Se eu não acredito, não luto, não venço. Queria entender de onde as pessoas tiram essa fé ou esperança, como isso nasce dentro das pessoas, como é cultivada, como se multiplica. Não entendo nada disso. Não sei onde encontrar essas coisas. Sinto como se tivesse nascido defeituosa, sem a habilidade de ter algo para me impulsionar para frente. Penso que há tantas chances para algo dar errado que o fato de às vezes dar certo é como um milagre ou um golpe de extrema sorte. Olho para a vida das outras pessoas e tudo parece tão... Certo para elas. Tudo vai bem, todos os problemas podem ser resolvidos, nenhuma dor é tão insuportável que seja capaz de levar a pessoa a considerar o suicídio. Eles não são loucos ou depressivos, a realidade é concreta e imutável, viver é mais um presente do que um peso.

Para mim e os outros pacientes da clínica as coisas não são assim. Nós nos juntamos em roda e cantamos como todo mundo, caminhamos para cima e para baixo como todo mundo, comemos e dormimos, às vezes com certa dificuldade mas nos fazemos tudo o que as pessoas normais fazem. Mas falta algo, nada é leve ou simples. Viver é pesado, um fardo que nos vemos obrigados a carregar até não aguentarmos mais e decidirmos por um fim em tudo. E por tudo se mostrar tão difícil, não temos fé que um dia as coisas podem melhorar, que um dia podemos vencer. É como se estivéssemos jogando xadrez contra um profissional, nós sabemos que vamos perder, como podemos ter fé então? Não temos fé, não conseguimos acreditar em nada. Nós já perdemos.

2 comentários:

Nathalia Musa disse...

Eu compreendo, baby. Sei tb oq é a falta de esperança, por isso que temos que viver um dia após o outro e torcer para estarmos errados... ;)

bjos!!

borderline-girl.blogspot.com

Unknown disse...

Verdade, torço muito para que as coisas que eu digo/penso estejam erradas XD

Sah.