"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Quando o Sol se põe



A noite tudo fica um pouco mais complicado... O que é uma pena porque eu sempre amei a escuridão. Lembro, quando era criança, de passar horas acordada de madrugada olhando para o céu, em busca de uma estrela que nunca existiu. Hoje o encantamento da noite ameaça ser extinto. A paranoia. Cada som, por  mais bobo ou insignificante que seja, adquire um significado. E pode apostar, não é um significado dos bons. Os sons ou a ausência dele (que pode ser muito mais assustador) são sempre os gatilhos, imagino. O resto meu cérebro se encarrega de fazer tudo sozinho. Tem alguém atrás de mim. Tem alguém atrás de mim. Não é só um pensamento, não é só uma sensação, é uma certeza. Quase posso ouvir sua respiração, ver sua mão se erguendo para tocar meu ombro. Viro abruptamente para trás afim de pegar quem me persegue. Ninguém. Mas eu sei que quando me virar, ele vai voltar e de novo eu terei a sensação de ouvir sua respiração, e sentir sua mão. Não demora muito para eu ficar olhando para trás a cada 5 segundos, não importa onde eu esteja. Me sinto uma idiota enquanto o pânico só cresce dentro de mim.

Mas isso só acontece quando eu estou em casa. Quando eu estou fora de casa a tortura é um pouco pior. Estou eu lá, conversando com alguém. E a sensação vem. Tem alguém atrás de mim. Tem alguém atrás de mim. Tem alguém atrás de mim. Mas eu não posso virar para checar, porque não quero que ninguém perceba que eu tenho essas paranoias ridículas. Então me forço a continuar a olhar para frente, esperando a pessoa atrás de mim tocar meu ombro (ou me matar). Meu olhar se perde rapidamente e é fácil deixar de prestar atenção no que minha companhia esta falando. Só consigo pensar na pessoa atrás de mim. Por que ela está atrás de mim e o que vai fazer. E quando vai fazer. E eu preciso estar preparada, mas tenho que continuar fingindo que estou ouvindo e que está tudo bem, quando não está. E o pânico fecha minha garganta e faz meu peito doer.

Eu costumava ter muito isso no metro. Sentia que todas as pessoas estavam olhando para mim, e pensando coisas ruins de mim e querendo fazer coisas ruins comigo. É, talvez eu seja um pouco egocêntrica mesmo. Agora a noite me assusta e me deixa paranoica. Nunca tive medo do escuro, isso é ridículo. Tem outros lugares também que me deixam especialmente nervosa. Como banheiros por exemplo. Banheiros são sempre assustadores, sem discussão. Lembram psicopatas e monstros. Toda vez que vou tomar banho minha mente é bombardeada com monstros que eu tenho certeza que vão aparecer assim que eu fechar os olhos para enxaguar o shampoo do cabelo. É desesperador. Ai quando eu abro os olhos e vejo que não tem nenhum monstro, minha mente não se convence não, e me obriga a chegar em todos os cantos do banheiro para ver se ele não está escondido, esperando eu fechar os olhos de novo. Deprimente. Essas coisas fariam sentido se eu tivesse 4 anos de idade, não 20.

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