"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mentirinhas verdadeiras, verdades de mentira



O que é a verdade? Se não uma mentira acreditada. Fecho meus olhos e nesse universo incerto, tudo pode ser certo. Quem liga? Abro os olhos, busco um chão. Realidade? Oh, realidade, não me deixe, não me deixe. O país das maravilhas não é tão maravilhoso assim. Não tem graça. Fecho os olhos. Rezo para um deus que não acredito, rezo para a terra, para o ar, para a vida, que seja. Me tirem daqui. Meus ouvidos sangram de mentiras, minhas mãos tremem, não suportam o peso da realidade. Onde estou? Cores e luzes. Estou em um túnel, em um carro, em alta velocidade. O vento bagunça meus cabelos e nesses pequenos instantes eu me sinto dona do mundo. E está tudo bem. Porque o vento é bom e a velocidade da a sensação tão desejada de fuga. A fuga. Abro os olhos e percebo meus punhos cerrados. Cada vez mais cerrados. Seguro meu celular em uma das mãos e tenho a impressão que ele vai se quebrar no meio se eu continuar fazendo toda aquela força. O problema é que um vulcão acabou de entrar em erupção aqui dentro. E ninguém entende, ninguém vê, ninguém sente o cheiro de fuligem e a fumaça que irrita meus olhos. Irrita. Estou irritada. Muito, muito irritada. Eu avisei para eles que não sei lidar com a raiva, avisei para todo mundo. Agora estou em cima do meu irmão, socando-o em todos os lugares que alcanço.

Eu avisei.

Eles me seguram, não sei quem, não sei como. Me livro de todo mundo, saio correndo. Fecho os olhos. Há lágrimas para todo o lado. Quando os abro de novo minha cabeça esta sendo arremessada na parede do meu quarto pelo meu monstro, diversas vezes. O suficiente para me deixar muito tonta, sentindo muita dor. Eu mereci. De novo eu só paro quando me seguram. Quando enfiam um calmante goela a baixo. Eu mereci. E eu deveria ter feito mais, sussurra o monstro dentro de mim, muito mais. Sinto uma ameaça ainda muito presente, mais que vai ficar para depois, para mais tarde. Quando o efeito do calmante passar, quando a poeira abaixar, quando todo mundo pensar que já está tudo bem. É assim que meu monstro trabalha. Não está tudo bem. Tenho medo de mim mesma, tenho medo do meu monstro. Tenho medo mais do que pode ser verdade do que é verdade de fato. Não consigo deixar de pensar que se minha mente acredita, então existe, e eu posso ver e eu posso sentir, então como convencer minha mente que isso é uma mentira, se for realmente mentira? É impossível. Por que eu vejo, eu sinto, e é essa a definição para realidade. A verdade me confunde. Não consigo enxergar suas delimitações, onde ela opera, onde trata-se só se uma brincadeira da minha mente. E mesmo as brincadeiras da minha mente, são reais! Não são? Ao menos para mim, quero dizer. Mentiras?

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