"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

domingo, 23 de janeiro de 2011

Entre extremos - Quem sou eu?


Hoje eu posso acordar e me olhar no espelho e me orgulhar do que vejo. Posso até pensar que sou uma boa pessoa, que sou sensível e por isso eu choro, posso até pensar que me preocupo de mais com os outros e de menos comigo mesma e que isso parece ser bom, ao menos para os outros, que isso prova que eu sou boa. Eu posso hoje enxer o peito e ter toda a certeza do mundo que sou exatamente o que eu sou, hoje eu posso até jurar para você que vou conseguir ser feliz o resto da vida e que nada nem ninguém conseguiria me impedir ou tirar isso de mim. Hoje eu posso até sorrir para você mesmo que o que você diga faça meu coração sangrar, hoje eu posso querer te abraçar mesmo que isso me mate, hoje eu posso te amar incondicionalmente para sempre. Mas amanhã...
Amanhã eu posso acordar e me olhar no espelho e odiar o que eu vejo. Posso sentir nojo de mim mesma. Posso sentir meus olhos sendo abertos para uma realidade tão dura e verdadeira que me dá vontade de vomitar. Posso olhar para minhas próprias mãos e perceber que sou um monstro. Eu sou um monstro, todas as coisas ruins que eu faço ou penso que sempre atribuo como sendo de outra pessoa, não minha... Tudo isso faz parte do que eu sou. Quando sou calculista, quando minto, quando sou dissimulada para que as pessoas gostem de mim, quando me destruo em função das pessoas a minha volta... É tudo tão errado e egoísta. E eu não faço isso por ninguém, não... isso é mentira. Eu faço isso por mim mesma, para que eu possa me sentir bem. Eu preciso das pessoas quase como um um vampiro ou coisa parecida, sugando suas vidas e atenção... Eu preciso delas para viver. Quem sou eu se ninguém gostar de mim? É mesquinho né? É patético, eu sei. É nojento, eu sei. É fútil e egoísta. Coisa de pessoa pequena e fraca. Eu sei de tudo isso. É por isso que eu me odeio. Meu grau de carência é tão grande... mas tão grande, que eu sou capaz de muita coisa para que as pessoas gostem de mim... Minha vida inteira, eu cresci me distorcendo para encaixar em moldes que as pessoas a minha volta ditavam.
É verdade que estou mudando, que estou aprendendo a controlar esse monstro dentro de mim, estou aprendendo a me respeitar e a respeitar as pessoas a minha volta. A reconhecer que elas tem o direito de não gostarem de mim se não quiserem e que eu não posso fazer nada a respeito. E que isso não prejudica nem diminui o que eu sou. Mas as vezes eu ainda acordo com a conciencia que sou uma pessoa horrível, as vezes eu entro em um estado em que sou tão sincera comigo mesma, tão sincera... que a coisa mais óbvia a se fazer parece ser se matar. Porque quando você reconhece realmente tudo de ruim que há dentro de você, quando você realmente encara de frente todos os seus podres... Isso pode te destruir. Eu entendo porque as pessoas mentem tanto para si mesmas, entendo porque elas se acham tão certas e bondosas, porque nunca se vêem como sendo maus de verdade, é simples... É impossível você viver consigo mesmo se você encarar tudo isso e entender que algumas coisas simplesmente não vão mudar assim tão fácil, que existem defeitos que fazem parte de você. Você controla seus atos, suas ações, mas não quem você é.
E não, você não vai conseguir olhar para um espelho e reconhecer que você é um monstro sem enlouquecer de alguma forma. Vai por mim.
De qualquer jeito... Eu não sei. Amanhã as coisas podem ser totalmente diferentes, eu posso olhar para o céu lindo e perfeito e me sentir tão triste. Amanhã eu posso chorar e querer brigar com alguém por me sentir frustrada, por não entender o que acontece comigo, o que tem de errado comigo. Amanhã eu posso te culpar por algo que você não tem realmente culpa, e no dia seguinte posso me arrepender, ou não. Amanhã eu posso pensar que você não me ama tanto assim, ou que não liga tanto pra mim e isso vai me deixar com medo e descontrolada. Posso acabar destruindo alguém para não destruir você, porque eu te amo incondicionalmente exatamente como ontem. Essa é uma das poucas coisas que nunca mudam dentro de mim, por pior ou melhor que eu esteja. Eu não sei quem eu sou, não sei se sou um monstro ou uma vítima, ou se sou os dois, não sei se sou egoísta ou autroísta, não sei porque sinto de mais e de menos... Mas uma coisa eu sei. Eu amo. Seja por minha necessidade de não ficar sozinha ou por qualquer outro motivo, egoísta ou não, eu amo. O que eu sinto por meus amigos, pela minha namorada, supera qualquer coisa que eu já tenha sentido na vida. Eu sei que sou complicada, que me machuco muito e sempre acabo falando pra um ou outro que eu o odeio... Mas eu faço tudo isso por que eu sei que não tenho capacidade de deixar de amar cada um de vocês, eu simplesmente não tenho.
As pessoas sempre me destruíram... E eu nunca deixei de voltar para elas, sorrindo como se estivesse tudo bem, pedindo desculpas sendo a culpa minha ou não, implorando para que tudo volte ao normal e eu consiga me sentir menos sozinha. Talvez antes de monstro ou vítima eu seja uma idiota, isso sim. Vocês não tem idéia de como eu me seguro para não voltar atrás e tentar agradar todo mundo de novo, principalmene em dias como esse, em que eu me sinto insegura e sozinha, com o buraco no meu peito aumentando e me deixando sem ar. Eu só quero... que as coisas fiquem bem. Que eu posso ficar feliz e me sentir completa pelo máximo de tempo possível. Mas todo mundo parece sempre tão longe e distante, não gosto disso.

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