"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Eu não estou doente




Eu não estou doente. Eu não estou confuso. Não, isso não é só uma fase. Eu não odeio meu corpo porque eu estou acima do peso. Não é isso. Você não está entendendo. Você não está me ouvindo. Quando eu digo que sou um homem, eu sou um homem. Independente do meu corpo, independente da criança de cabelos compridos que me olha na foto do meu RG. E independente do nome que me registraram que não me representa mais. É, independente de tudo isso. É tão difícil assim entender? Eu sou o que quero ser. Eu sou o que sinto ser. Eu sou o que minha mente, com todas as forças, me diz ser. E eu amo ser assim. Não é uma escolha, é só o que, na minha mais pura essência, eu sou. Você diz que as pessoas não se tornam transexuais "do nada". É verdade, você tem toda a razão. Eu não "me tornei" transexual "do nada", me admiro da sua incapacidade de notar meus sinais. Eu que deveria ser uma pessoa tão próxima sua. Você nunca nota nada. Nunca notou que eu gostava de meninas, nunca notou minha inclinação e fascinação pelo mundo masculino, nunca notou nada que me aconteceu a vida inteira... Ou eu sou o melhor mentiroso do universo ou tem gente que andou ocupada demais para me notar.

Eu não sou um projeto de vida que deu errado, não sou alguém que se desviou do caminho que deveria trilhar, não sou uma criança que está sendo influenciada a ser desse modo (que absurdo, quem teria o poder de influenciar alguém a ser transexual?). Sim, não me dou bem com regras sociais, mas e daí? Isso não quer dizer que eu estou ou sou doente. E se seu deus me odeia, o meu me ama, ele me ama pelo que eu sou por dentro e não o que eu sou por fora. E se ele me fez assim, deve ter um bom motivo, como por exemplo te ensinar a não ser tão preconceituosa e mente fechada.

As coisas que você fala... Sabe, machucam. E eu fico quieto porque não quero brigar. Você não quer que eu frequente os lugares onde eu encontro conforto para ser quem eu realmente sou, você não quer que eu veja as pessoas que me aceitam como eu realmente sou, as pessoas que são como eu e me entendem como ninguém. Mas se eu não tiver isso... Onde eu encontrarei apoio e forças para suportar o mundo sendo o Samuel? Minha psicóloga se recusa a me chamar pelo meu nome correto, se recusa a me tratar no masculino... Ela não me dá mais forças ou apoio. Eu preciso ir para o CRD e para o CRT, lá ninguém nem sabe meu nome de nascimento, simplesmente porque a sabrina não existe. Samuel existe, Samuel está vivo e quer viver, com todas as minhas forças. E se Samuel não puder existir... dessa vez, não haverá nenhuma sabrina para viver no lugar.

5 comentários:

Ezequiel de A. C. disse...

Bravo!!! Boa sorte! É ótimo ver uma postagem sua mais otimista!

Lucia disse...

pra mim vc é rebelde sem causa.

Unknown disse...

Me fale mais sobre Transexualidade não ser uma causa.

Anônimo disse...

tá cada vez mais doida, sabrina

monica van de camp disse...

Ok, rompeu o casulo. Agora encontre uma maneira de continuar evoluindo. E a sua evolução depende de como vai lidar com o que se passa fora de você. Ou seja, continue lutando pela sua felicidade e não perca tempo tentando fazer "as pessoas" aceitarem você. Lembre-se, nem o mais correto, "normal", perfeito dos homens foi aceito por todos. Faça valer a sua vida, priorize o seu bem estar. Força! Felicidades!