"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 18 de janeiro de 2014

A prova



De um tempo para cá venho sentindo uma dificuldade enorme para escrever. O que eu posso fazer? É difícil escrever quando sua vida está estagnada. Há um bom tempo nada acontece. E todos a minha volta comemoram porque parece que finalmente meus remédios estão fazendo efeito, mas vocês querem a verdade? Eu estou odiando isso. Estou odiando esse nada, esse não sentir, essa estagnação, esse controle absurdo que me transformou em quase uma máquina, esse tédio, essa estranha que eu me tornei tão... fria e calculista, tão calma e racional. Eu não sou assim. Eu sou um furacão de sentimentos desenfreados, sou o calor da emoção pura, sou uma doida sentimental. Essa sou eu. Agora não mais... Eu estou confusa, eles dizem que isso não era eu, que isso era a minha doença, mas quem sou eu sem a minha doença? Ela faz parte do que eu sou. Não deveria existir uma Sabrina sã e uma Sabrina louca, deveria existir a Sabrina e ponto, algo entre essas duas. E quem eu sou hoje, decididamente não é esse equilíbrio. Eu detesto esses remédios cada vez mais, eu entendo que preciso deles, mas o preço que eles cobram é caro demais. Sinto como se eles estivessem tirando tudo o que eu tinha de bom, minha espontaneidade, minha segurança, minha coragem, meus sentimentos, meu dom para escrever, tudo, enfim. Sinto como se estivesse aos poucos retrocedendo, ou virando um robôzinho.

Não que eu seja contra a utilização de remédios no tratamento para doenças mentais, longe disso, sou super a favor, estou só contando como me sinto, o que não quer dizer que eles (os remédios) não funcionem maravilhosamente bem com outras pessoas. O problema comigo é que para mim as coisas nunca estão boas o bastante, esse é que é o problema. Tem sempre alguma coisa, alguma coisa que falta, que não se conserta, que sei lá o que. Eu não estou infeliz, eu SOU infeliz. E por que? Por nada, por tudo, não sei porque. Não é uma escolha, é algo que me pega desprevenida nas tardes de quarta feira e faz meu peito doer como se alguém estivesse me esfaqueando, é algo que faz minhas mãos tremerem e minhas pernas se encolherem junto ao corpo, é algo que me faz chorar sem motivo algum, assim, de repente. Eu não tenho escolha, tudo a minha volta é cinza e dolorido demais, é por isso. O que eu posso fazer? Eu só rezo para que essas crises passem logo, é tudo o que eu posso fazer, eu só rezo para ter forças, forças para não rasgar minha pele mais uma vez em busca de um pouco de alivio momentâneo, eu só rezo para que eles não me tranquem de novo em uma clínica, eu só rezo para não ficar louca para sempre.

Às vezes eu só queria que minha maior preocupação fosse com a prova para entrar em uma faculdade que eu tenho que fazer segunda feira, a verdade é que eu estou pouco me fudendo para essa prova. Estou mais preocupada com minha vida, se eu vou sobreviver a ela, por quanto tempo eu vou suportá-la.

2 comentários:

Ezequiel de A. C. disse...

Eu também estou rezando por você, Senhorita Sabrina, pois tenho uma uma pequena noção do que você está passando. Imagino o sentimento de solidão, quando as pessoas ao seu redor não conseguem entender. De fato, estou rezando por você.

Unknown disse...

Obrigada Ezequiel, também estou torcendo por você, porque se vc me entende, sua vida também não deve ser fácil.

Força!

Abraços,
Sah.