Gosto do Hospital Dia, estou feliz de ter tantas oportunidades a minha volta de coisas que eu posso fazer para melhorar meu quadro. Estou me esforçando... Parece besteira, pintar quadros, ouvir músicas, escrever, costurar. Parece só um monte de passatempos inúteis, mas não é. Fazer essas simples atividades nos ensinam a sobreviver no mundo lá fora, nos ensinam como lidar com nossos problemas, nossas ansiedades, medos e falta de paciência. Nos ensinam a nos enxergarmos por dentro, conhecermos a pessoa que somos e todas as nossas dificuldades e limitações, assim como nossas qualidades e competências. Hoje mesmo aprendi que não consigo esperar para ter um bom resultado a longo prazo, quero tudo instantaneamente, não sei esperar, por isso meus trabalhos ficam mal feitos enquanto os dos outros ficam lindos. E assim aos poucos vou conhecendo quem é a Sabrina afinal, não aquela que mora no campo das minhas idéias, mas a real. Talvez eu tenha mais do que só um monstro dentro de mim, talvez eu também tenha um lado bom... É uma hipótese. Ou não. Talvez eu seja só feita de escuridão e vazio mesmo.
De qualquer jeito espero conseguir algo frequentando o Hospital Dia. Quem sabe não precisar mais ser internada e interromper minha vida. Quem sabe conseguir ter uma vida um pouco mais normal. Terminar a faculdade, começar a trabalhar, conseguir aos pouquinhos minha tão desejada independência. Isso seria ótimo. Eu tenho medo... toda vez que piso naquele hospital, naquele universo onde ser louco é o normal, eu tenho medo de estar me afastando do mundo real, do mundo onde não há espaço para pessoas como nós. Eu não quero me afastar do mundo real, ao contrário, quero fazer parte dele, quero muito. Não quero me acomodar naquele universo. Por algum motivo, eu acho que se for para viver, que a vida seja muito bem vivida e não desperdiçada em internações sucessivas. Aquilo não é vida. Não mesmo. A liberdade não tem preço nem substituto.
Eu gosto de viver, mesmo sendo meio suicida, o que eu não gosto é de ver minha vida e liberdade sendo arrancadas de minhas mãos por causa de uma doença. Se eu não posso viver do jeito que quero, para que viver? Qual motivo? Quais sonhos? Qual objetivo? Não enxergo coisa alguma. Só uma escuridão infinita a frente. Quero ser feliz, não ter uma semi-vida trancada dentro de casa oscilando entre dopada e totalmente descontrolada. Quero caminhar com meus próprios pés, resolver cada um dos meus problemas sozinha, conseguir respirar fundo e sentir prazer nas pequenas coisas do dia a dia. Não é pedir muito, é?
2 comentários:
com certeza não é pedir demais, baby.
Postei aquele artigo que te contei!
Fica bem,
Bjos,
borderline-girl.blogspot.com
Vou ler!
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