
É verdade que a palavra tem a força para mover multidões, que a palavra anima, cativa e acaricia. Mas muito mais fácil do que usar a palavra para o bem, é usá-la para o mau. É muito fácil adicionar um toque de sarcasmo, criticar, desaprovar, humilhar, envergonhar, decepcionar, entristecer, provocar, aterrorizar, manipular, etc...
Uma palavra pode, dita em um certo momento, com um certo tom, pela pessoa certa ou não, destruir muito tranquilamente uma vida. Gestos de agressão são palavras que podem ser interpretadas ao bel prazer do agredido. Um soco pode ter milhões de significados e dependendo da pessoa que o recebeu, pode não significar tanto assim, porém... A palavra que agride poucas vezes pode ser interpretada de forma mais branda. Alguém que recebe um "eu te odeio", vai receber um "eu te odeio" e pronto. Alguém que recebe um soco pode receber desde um "eu te odeio" até um "sinto muito, perdi a paciência mas não vai se repetir".
É por isso que vemos casos de crianças que nunca apanharam, porém são muito mais amedrontadas, depressivas e sem autoestima, do que as que sofriam castigos físicos.
É comum vermos campanhas contra a agressão física, normalmente sofridas por mulheres e crianças, porém a agressão verbal, é quase sempre deixada de lado. Os xingamentos, humilhações e depreciações são sentidos mais fortemente pela mente, enquanto os socos são sentidos pelo corpo (e justamente por isso são bastante ineficazes para educar uma criança, aliás qualquer forma de agressão é ineficaz para se educar, por motivos que poderei citar em outro texto).
O problema central das agressões físicas, não é uma criança que faz uma coisa ruim e apanha uma vez ou outra, o problema é que pais agressivos costumam descontar sua raiva nos filhos ou em seus companheiros(as), portanto agressões sem motivos, frequentes e muito normalmente acompanhadas de agressões verbais se tornam comuns. Transformando o lar em um campo de batalha e destruindo vidas que ainda estavam começando a se formar.
Talvez a questão não seja tanto o poder das palavras ou dos socos e sim o poder das pessoas ao manipular essas armas, a responsabilidade imensa que repousa em suas mãos, responsabilidade essa frequentemente ignorada.
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